segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pai


"Nada do que vou dizer é novo.
Mas, algumas coisas de tempos em tempos, precisam ser relembradas."


Hoje recebi a visita do meu pai.
E foram com essas palavras que iniciamos uma daquelas raras conversas de horas a fio.
Cada frase parecia mesmo, estar salpicada de experiência, ternura e sabedoria.

Ele não me disse coisas desconhecidas.
Não explanou futurismos.
Nem tão pouco foi eloquente.
Deu-me apenas exemplos simples,
tão simples que quase chegaram a ser sem graça.

Me revelou nomes e histórias de pessoas de sucesso.
[Não este sucesso falido, que pesa o peso da vida e que nos é empurrado goela abaixo todos os dias.]

Falou sobre os sonhos, mas enfatizou a luta diária.
Ele sempre foi a minha referência de como sonhar de pés no chão.
"Nada de conquistas fácies. Nada de bobo da corte à rei - da noite para o dia", ele sempre diz.

Com um abraço e lágrimas nos olhos me falou do amor de Cristo.
Em sabedoria disse que a mão trabalhará em vão sem a benção do Senhor.
Remexeu em coisas antigas tornando-as novas outra vez.
Falou sobre caráter e personalidade.
Fez breves e tímidos comentários sobre relacionamentos.
Tornou a derramar algumas lágrimas - não estava mais só.

Por fim, ele orou.
Enquanto orava, vi um homem sem grandes conquistas materiais, mas que aos 53 anos está completando a sua primeira faculdade e que faz planos para iniciar uma pós-graduação.
Vi um senhor negro, com alguns fios de cabelo já grisalhos, que ainda se levanta enquanto o sol dorme.
Vi sua história sem requintes e ao mesmo tempo gloriosa.

Vi meu pai,
vi meu amigo.

Agora choro só,
mas já não sou mais o mesmo.

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