terça-feira, 10 de julho de 2012

Precisa-se de apontadores











Vim ao mundo decidido a mudá-lo.
Hoje faço parte de um exército falido, nossas medalhas são desilusões.
Vim com meus lápis de cor, o preto e branco sós me incomodavam.
Hoje sou cinza opaco.
Vim com o coração e mente abertos, ruminando ideias de liberdade, fraternidade e igualdade.
Hoje sei que todos os direitos conquistados ao longo de séculos 
- por exércitos mais bem sucedidos que o meu - 
são um escudo de papel para a humanidade.
Ao menor sinal de desiquilíbrio, venha ele de onde vier, o mais forte reunirá em seu celeiro a qualquer custo o pão e a água de seus irmãos os deixando padecer.


Eu sou o negro cuspido em um ônibus na América, mesmo sem reagir fui espancado até a morte.
Eu sou a garota de 16 anos que é estrupada pelo pai desse os 8.
Eu sou o feto ignorado numa vala da China.

Eu deixei mulher e filhos em casa e trabelhei duro, 15... 17 horas por dia até que me tornei inviável para os negócios da empresa.
Eu sou o jovem que mexe no seu lixo e que encontra tudo que precisa para sobreviver.
Eu sou a mulher apedrejada numa praça sem nome do Afeganistão.
Eu sou o senhor de 90 anos com sua família inteira encurralado em um cômodo de uma casa no Brasil sob ameaça constante de morte daqueles que nos levam tudo.

Eu sou o poeta que foi traído pela própria letra e torturado de 64 à 85 - ano de minha morte.
Eu sou o primeiro dia, estava com Caim e Abel, as coisas não melhoraram de lá para cá, mesmo havendo tantos pacificadores. 
Não vejo esperança no futuro, tudo em mim dói.

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