segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Série: O Grito do Prisioneiro II


Esse grito é longo e complicado.
Longo como o fundo que quero,
porque quero no fundo o próximo bem mais próximo
e bem mais descomplicado.
Por isso ou por aquilo,
proponho uma espécie de diálogo. 

Porque há outras Lígias, estas talvez, sem acento.
E outros Rogerios e, talvez estes, tenham acento.
E há até outros eu’s, com certeza, menos caretas.

Careta?...
Porra! Por que eu escrevi isso?!
Eu nunca fui um completo careta.
Deve ser alguma reação desse ¼ de vida,
eu tenho bem menos caretices do que ontem.

Mas, sei lá... meu estômago anda meio embrulhado.
No girar dos ponteiros eu ando muito carocha, numa mazanza tremenda,
e me pergunto se isso é velhice.

É velhice Dom?
É velhice gostar de livros e música e papel e caneta e gente?!
É velhice não andar na moda – aliás que modinha de merda, nunca vi tantos garotos com o cabelo igual.
É velhice desejar receber uma carta,
desejar mandar uma carta,
desejar dar flores e por que não receber flores,
e n a m o r a – s e...  se lembra dessa palavrinha?

É, deve ser velhice!
Nem pras animadas conversas de boteco eu sirvo mais.
Aí me acomodo nas poucas salivas,
nas ideias não compartilhadas ou quando muito, muito mesmo,
tomo forças e fôlego e coragem disfarçada e escrevo um post – como este.
E uso o ‘e’ no lugar da ‘vírgula’ e uso palavrões aceitáveis,
e uso muitos porquês.

Por que?!
Porque a paz é rara,
rara como um amigo,
e a quero aqui mais um pouquinho,
e o quero aqui mais um pouquinho também.

No entanto,
preciso incomodar, mesmo essas distintas companhias,
e preciso usar de um pouco de falta de educação,
já que mais nada incomoda.

Mas,
não é só velhice Lígia!
Devem ter também erupções, rachaduras...
Que causas, causam isso?!
Sinto que a minha mão, às vezes, treme sozinha
e que o amor deve ter vazado por algum lugar.
Escapuliu! Fazer o que?!

E se hoje sou eu o personagem da ‘lanterna dos afogados',
aproveito e digo: Vê se não vai demorar...

Sou lápis sem ponta,
sou saco cheio,
sou olhar desconfiado,
sou grito que grita sabe-se lá pra quantos quem’s,
sabendo no longo fundo que nem tudo está perdido.

Pra que disso agora?!
Pra mostrar que
mesmo que nossas ações pareçam e sejam pequeníssimas, trazem esse resultado maravilhoso... o movimento das pessoas como se fossem as ondas resultantes de uma pedra atirada num lago.

É só um desabafo...
do qual já ouço/leio os ecos dos meus próximos mais próximos e menos complicados.


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